top of page

Quantos passos você deu pra chegar até aqui? Incontáveis. Em certos dias você caminhou com serenidade, em outros correu desesperadamente. Quantos litros de sangue precisou escoar do seu corpo até que cada ferida virasse cicatriz? Sim, e você se curou de quase todas. Por mais que em certos momentos houvesse a nítida impressão que sangraria para sempre. Quantas duras decisões precisou tomar? E tomou. Algumas assertivas, outras nem tanto. Mas você fez o que era preciso, com as condições que tinha naquela hora.


Em compensação, quantas boas lembranças essa estrada te deu de presente, não é mesmo? Um dia incrível em que finalmente conseguiu reunir os amigos; a ceia de natal com a família toda ao redor da mesa; a viagem que você nunca pensou que daria pra fazer, mas rolou; o primeiro beijo do amor juvenil; a conquista do primeiro emprego; o nascimento do seu filho; a descoberta do sexo bom; aquele dia que você leu um livro sozinho em casa, tomando um vinho maravilhoso.


Bom, podem não ser esses fatos mencionados que te fazem voltar no tempo, sorrir com os olhos, em meio a um vendaval de emoções que renascem em seu peito. Suas memórias são só suas. Sua vida também. E cada derrota, vitória, dor e alegria compõem a sua história. Valorize-a! Só você sabe que não foi fácil chegar até aqui.


Você já venceu, acredite!


Acontece que sucesso na concepção da sociedade em que vivemos não é sinônimo de felicidade. Precisamos ter isso em mente. Raramente suas conquistas serão suficientes nessa sociedade. Mas, não deixe que ela devore seus sonhos e esgote suas energias. Definitivamente, você não precisa ser bem sucedido dentro dos moldes alheios, mas deve buscar ser feliz com a vida que escolheu. E, se não for, mude tudo. De novo e outra vez.


Encontre dentro de si algo que te faça se sentir útil para o mundo, um ser mais humano. Algo que te dê um pouco de paz e, que, naturalmente, pague as contas. Não se permita tomar a infelicidade e a frustração como regra.


Carecemos de nos fazer fortes, criar resistências perante à vida, que por vezes é cruel. Alguns encontram o ímpeto para seguir em frente na religião, na família, na pessoa amada, nos filhos, em ídolos. Cada um à sua maneira, acha um jeito de se inspirar.


Quando Nelson Mandela esteve preso, tinha consigo um poema de William Ernest Henley, chamado Invictus. Quando o grande mártir da luta contra o apartheid sul-africano sentia que ia esmorecer, sacava o poema e o lia, como quem buscava só mais um respiro pra seguir. Esse poema notável se encerra assim: eu sou o senhor de meu destino/ eu sou o capitão de minha alma.


E você é, sim, o dono de sua história. Só você sabe quais caminhos deve seguir. Só você sabe onde dói. Só você sorri com seus lábios. E, só você pode decidir como viver. A vida é sua, aproprie-se dela.



Autora: Sandra Cecília Peradelles é jornalista e escritora, colunista semanal do Jornal Pioneiro e Zero Hora, do Rio Grande do Sul.

@asandracecilia

Comments


bottom of page